Friday, December 29, 2017

PATERSON

Dirigido por Jim Jarmusch, com Adam Driver, Golshifteh Farahani (2016, cores, 118 mn)
(Vida normal / Adultos)

Um filme calmo sobre um jovem motorista de autocarros que é também poeta e vive com a mulher numa cidade pacata dos Estados Unidos, ele cheio de rotinas, ela plena de criatividade. 
Um filme sobre o amor, a riqueza da vida de todos os dias, a reação às dificuldades. Um filme cheio de subtis momentos de humor, com um ritmo excelente e ótimas interpretações.

Saturday, December 16, 2017

45 ANOS (45 YEARS)

Dirigido por Andrew Haigh, com Charlotte Rampling, Tom Courtenay (2015, cores, 91 mn)
(Drama / Adultos)

Kate e Geoff estão a uma semana de celebrar o 45.º aniversário do seu casamento, quando Geoff recebe uma carta da Suíça sobre Katya, a rapariga por quem esteve apaixonado antes de conhecer Kate, e que morreu. Com essa carta, o passado invade o presente com uma intensidade que é dramatizada num tom discreto - britânico -, mas sofrido, introduzindo numa vida aparentemente segura  as dúvidas e as buscas que acompanham quase sempre o amor entre os seres humanos.
As interpretações são excelentes, e o filme fica aberto a diversas interpretações.
Tem uma breve cena íntima, essencialmente sugerida.

Monday, December 11, 2017

DUNKIRK

Dirigido por Christopher Nolan, com Fionn Whitehead, Barry Keoghan (2017, cores, 106 mn)
(Drama / Jovens & Adultos)

A batalha de Dunkirk, que decorreu durante a II Guerra Mundial, consistiu na defesa e evacuação das forças britânicas, mas também francesas, polacas, belgas e hoolandesas, num total de quase 340.000 homens, para o Reino Unido, para escapar aos nazis. Sendo feita sob pressão, participaram nessa evacuação embarcações de todo o tipo, incluindo de recreio.
O filme de Nolan - que conta com muitos atores desconhecidos - retrata a situação e o heroísmo normal de quantos quiseram participar neste momento épico, que foi por muita gente, à época, considerado um milagre (por exemplo, as condições atmosféricas e do mar eram perfeitamente atípicas e inteiramente favoráveis à evacuação).

A RAINHA (THE QUEEN)

Dirigido por Stephen Frears, com Helen Mirren, Michael Sheen (2006, cores, 103 mn)
(Drama / Jovens & Adultos)

Quando, em 1997, Diana de Gales, a mui comentada ex-nora da rainha Isabel II, morre num túnel de Paris, é a soberana quem tem de tomar as rédeas do poder, controlando os membros da sua família, passando por cima do oportunismo de Tony Blair e chegando ao povo. Excelente interpretação de Helen Mirren no papel de uma rainha forte, ciente dos seus deveres e desdenhosa do sentimentalismo.

A ÁRVORE DA VIDA (THE TREE OF LIFE)

Dirigido por Terrence Malick, com Brad Pitt, Sean Penn, Jessica Chastain (2011, cores, 139 mn)
(Drama / Jovens & Adultos)

Um filme grandioso, em estilo sinfónico, que pretende captar o sentido da vida, bem como expor a relação entre a natureza e a graça. Por entre imagens da grandeza do universo, da reprodução molecular, de dinossáurios e asteróides, passa a vida de uma família, com os seus conflitos e as suas lealdades – o grande e o pequeno, aquilo que constitui o humano.

NUMA PENSÃO ALEMÃ (IN A GERMAN PENSION)

Katherine MANSFIELD (1888-1922)
Lisboa, Coisas de Ler, 2007
(Literatura / Adultos)

Relatos impressionistas, de humor algo cáustico, sobre a vida numa pensão alemã antes da I Guerra Mundial, vista pelos olhos de uma inglesa no estrangeiro.

O GARDEN-PARTY (THE GARDEN PARTY)

Katherine MANSFIELD (1888-1922)
Lisboa, Biblioteca Editores Independentes, 2008
(Literatura / Adultos)

Conjunto de contos sobre o mundo doméstico da burguesia, cheio de bons sentimentos e emoções puras e românticas à flor da pele.

RECORDANDO A BABILÓNIA (REMEMBERING BABILONIA)

David MALOUF (n. 1934)
Lisboa, Assírio & Alvim, 2009, 256 pp.
(Literatura / Adultos)

Em meados do século XIX, um rapaz de 13 anos originário dos bairros mais pobres de Londres é largado na ponta norte da Austrália, onde é acolhido pelos aborígenes. Dezasseis anos mais tarde, regressa ao convívio com os europeus, mas os sentimentos com que é acolhido nesta comunidade são dúbios. Com um adequado equilíbrio entre realismo e fantasia, este romance trata do difícil acolhimento da diferença com base nos preconceitos, mas também do medo e da ignorância do desconhecido.

BROOKLYN

Colm TÓIBÍN (n. 1952)
Lisboa, Bertrand, 2010
(Literatura / Adultos)

Eilis é uma jovem irlandesa que, como tantos outros compatriotas seus dos anos 50 do século XX, emigra para os Estados Unidos em busca de uma vida melhor, indo instalar-se em Brooklyn, Nova Iorque. Apoiada pelo padre local, também ele irlandês, encontra emprego, uma casa onde se instalar, e acaba por conhecer um jovem italiano, por quem se apaixona. Quando tudo parecia correr sobre rodas, recebe uma notícia que a faz regressar à Irlanda e à vida que tivera antes de emigrar  só que agora com outro estatuto , o que a leva a questionar a sua nova existência americana.
Numa escrita direta e simples, o autor narra uma história muito interessante, que evoca uma série de questões: a influência do meio na pessoa, a divisão interior que a vida de emigrante impõe, a necessidade da escolha e os sacrifícios que esta comporta.
A narrativa é tão discreta que pode acontecer que o verdadeiro efeito do livro se só sinta depois de a leitura ter terminado.
A pertença religiosa é retratada com grande respeito e conhecimento de causa; é narrada uma cena íntima e há uma referência passageira a um comportamento impróprio.
Ver também: https://www.delibris.org/es/brooklyn.

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Dirigido por John Crowley, com: Saoirse Ronan, Emory Cohen, Domhall Gleeson (2015, cores, 117 mn)
(Drama / Adultos)

Seguindo de perto o livro de Colm Tóibín, o argumento de Nick Hornby acentua especialmente a divisão interior que se impõe a quem tem de escolher uma vida deixando para trás outra(s).
As interpretações são de grande qualidade, sendo a da protagonista soberba.

Sunday, November 5, 2017

THE GIVER – O DADOR DE MEMÓRIAS (THE GIVER)

Lois LOWRY (n. 1937)
Lisboa, Everest Editora, 2010, 240 pp.
(Ficção futurista / Jovens & adultos)

Jonas vive num mundo perfeito, sem guerras, sem dores, sem necessidades de escolha – mas sem cores, sem música, sem memórias, sem sentimentos: de tudo isto foram privados os seus habitantes para poderem ser “felizes”. Mas um dia Jonas descobre que as memórias são uma componente essencial da vida, e tudo muda. Um romance excelente, só aparentemente para jovens, sobre aquilo que é essencial ao ser humano.

EU QUERO VIVER. DIÁRIO DE UMA ADOLESCENTE DESCOBERTO NOS ARQUIVOS DO KGB

Nina LUGOVSKAIA (1918-1993)
Cruz Quebrada, Casa das Letras, 2005, 324 pp.
(Relato autobiográfico/Jovens)

Comparado com o Diário de Anne Frank, esta obra conta-nos a vida de uma adolescente durante o totalitarismo comunista. Nina começou a escrever o seu diário aos 13 anos e, através dela, ficamos a saber como se vivia em Moscovo nos anos 30. Aprendido pelo KGB quando Nina, aos 18 anos, foi presa e condenada a trabalhos forçados como “perigosa inimiga do regime”.

Tuesday, October 24, 2017

AS QUATRO PENAS BRANCAS (THE FOUR FEATHERS)

Dirigido por Shekhar Kapur, com Heath Ledger, Wes Bentley, Kate Hudson (2002, cores, 132 mn)
(Drama / Jovens & Adultos)

Um jovem membro de uma família de militares abandona o regimento na véspera de ser enviado para a frente de batalha no Sudão. Como presente, os amigos e a noiva enviam-lhe um pacote com quatro penas brancas, o símbolo da cobardia.
O jovem decide então provar-lhes que estão enganados e parte também para o Sudão, onde sofre coisas ainda mais terríveis e devolve uma pena a cada um.
Um filme interessante acerca da noção de coragem e do que significa a amizade e também o amor.

Sunday, October 1, 2017

O OUTRO EU (THE SCAPEGOAT)

Daphne du MAURIER (1907-1989)
Lisboa, Relógio d'Água, 2009, 288 pp.
(Literatura / Adultos)

Um inglês e um francês encontram-se casualmente em viagem e reconhecem a sua grande semelhança física, a ponto de poderem ser confundidos. Isso leva Jean, o francês, a trocar de documentos, de bagagem e de quarto com John, o inglês, depois de um longo jantar em que conversaram e beberam demais. John vê-se assim no papel do conde St. Gilles, num chateau francês, no meio de uma família cheia de problemas, que vai tentando resolver. À revolta inicial vai sucedendo uma certa empatia por aquelas pessoas, que não dão pela troca. Descobre então que Jean era um fracassado, com quem não se identifica, mas assume o seu papel no difícil contexto familiar. Quem é ele então?  Quando parece ter ajudado a resolver alguns dos grandes problemas daquelas pessoas, Jean reaparece oportunamente, e John é obrigado a deixar o chateau. Desiludido, como estava no início, em que pensara refugiar-se numa abadia trapista, John parte sem saber para onde.
Narrativa interessante sob o ponto de vista da identidade do eu e da alteridade.
Tem algumas cenas íntimas, que seriam dispensáveis.

Saturday, May 13, 2017

O TRIUNFO DO OCIDENTE (HOW THE WEST WON)

Rodney STARK (n. 1934)
Lisboa, Guerra e Paz , 2014, 448 pp.
(Ensaio histórico / Jovens & Adultos)

Neste livro, Stark percorre uma série de factos da história do mundo, mostrando por que razão desenvolvimentos cruciais da humanidade ocorreram no Ocidente.

A VITÓRIA DA RAZÃO (THE VICTORY OF REASON)

Rodney STARK (n. 1934)
Lisboa, Tribuna , 2007, 336 pp.
(Ensaio histórico / Jovens & Adultos)

O autor mostra que, destacando-se das outras religiões monoteístas e dos seus antepassados clássicos, o cristianismo deu origem à liberdade, aos direitos humanos, ao exercício da razão e à confiança no futuro – mas também ao capitalismo, que tem origem na Idade Média.

Sunday, May 7, 2017

O BOM SOLDADO (THE GOOD SOLDIER)

Ford Madox FORD (1863-1939)
Lisboa, Teorema, 2004, 266 pp.
(Literatura / Adultos)

O subtítulo diz tudo: «Uma história de paixão». É a história de dois casais amigos, um americano e outro inglês, que se encontram todos os anos numas termas alemãs (Nauheim). A aparente estabilidade destes dois casais é abalada por vários episódios de infidelidades e paixões cruzadas e tormentosas, que levarão a alguns suicídios e casos de loucura.
Dowell, o americano casado com Florence, é o narrador que assiste ao espectáculo da ruína dos dois casais, o seu próprio e o do Capitão Edward Ashburnham, que encarna a figura do Bom Soldado. Dowell revive o seu passado em flashbacks dispersos no tempo, como num puzzle cujas peças são os sentimentos, as paixões e os ódios entre as quatros personagens.
É considerado um dos melhores romances ingleses do século XX.  
Ver também: https://www.delibris.org/es/el-buen-soldado.

Saturday, May 6, 2017

A OUTRA METADE DE MIM (MISCHLING)

Affinity KONAR (n. 1978)
Lisboa, Bertrand, 2016, 328 pp.
(Ficção histórica / Jovens & Adultos)

Pearl e Stasha são duas irmãs gémeas que são internadas no campo de concentração de Auschwitz e sujeitas às experiências levadas a cabo por Josef Mengele com gémeos. A certa Pearl acaba por desaparecer e Stasha empreende, na companhia de Feliks, outro gémeo a quem o irmão morreu, uma dolorosa odisseia pela Polónia devastada pelo conflito, com a finalidade de se vingarem de Mengele e de descobrirem o paradeiro de Pearl. O que vão encontrando neste cenário de pós-Guerra é verdadeiramente terrível, e leva-os a sonhar com um mundo de paz.

O JARDIM DAS TORRES INVISÍVEIS (A FORT OF NINE TOWERS)

Qais Akbar OMAR (n. 1982)
Lisboa, Presença, 2014, 448 pp.
(Ficção autobiográfica / Jovens & Adultos)

O autor nasceu em Cabul, no Afeganistão, onde teve uma infância muito feliz. Mas a família foi surpreendida pela chegada dos talibãs e a irupção da guerra civil, que transformou aquele paraíso num inferno.
Narrada num estilo lírico, a história salienta as notáveis qualidades do povo afegão: o seu amor à família e às artes, e o seu sentido de humor.

Thursday, May 4, 2017

NA RUA DAS LOJAS ESCURAS (RUE DES BOUTIQUES OBSCURES)

Patrick MODIANO (n. 1945)
Lisboa, Relógio d'Água, 1988, 185 pp.
(Literatura / Adultos)

A perda da memória leva o autor a uma busca de vestígios – nomes de amigos, moradas, locais – que lhe permitam reconstituir a sua identidade. As impressões vão-se desencadeando de um modo fragmentário e não permitem construir nada de consistente, fixo: todas as deambulações se vão dissipando como as nossas próprias vidas. A impossibilidade de recuperar a memória e de encontrar o fio condutor da própria vida permanece até ao final como sendo algo inseparável da condição humana.

A IRMÃ (A NOVÉR)

Sandor MARAÏ (1900-1989)
Lisboa, Dom Quixote, 2013, 216 pp.
(Literatura / Adultos)

O primeiro capítulo apresenta-nos a personagem principal, o pianista Z., isolado pela neve com um grupo de turistas numa hospedaria de montanha. Passados meses, em Florença, este conhecido pianista é atacado por uma estranha doença, que o leva a um longo internamento num hospital. Aí, tem diálogos com o médico que o trata, sobre as dores violentas, a vida e a morte, a agonia, o sofrimento, o sentido de tudo aquilo, a estranheza da sua situação. Da sala de concertos para a cama de um hospital, praticamente imobilizado, toda a sua vida é posta em causa.
Numa noite, em delírio causado pela morfina, Z. ouve uma voz feminina, que identifica com uma das irmãs enfermeiras, que lhe sussurra: «Não quero que morra»; a partir daí, começa a recuperar. Assim como a sua doença começara num momento exato, em que a sua vida se afastara de tudo o que lhe dera sentido, assim a sua recuperação tem início no momento em que ouve, em sonhos, a voz misteriosa desta «irmã».
O livro tem o estilo narrativo intimista, profundamente humano, doloroso por vezes, mas sempre aliciante de Márai.

A VITÓRIA DA RAZÃO (THE VICTORY OF REASON)

Rodney STARK (n. 1934)
Lisboa, Tribuna , 2007, 336 pp.
(Ensaio / História)

O autor mostra que, destacando-se das outras religiões monoteístas e dos seus antepassados clássicos, o cristianismo deu origem à liberdade, aos direitos humanos, ao exercício da razão e à confiança no futuro – mas também ao capitalismo, que tem origem na Idade Média.

Monday, May 1, 2017

A ULTRAPASSAGEM (IL SORPASSO)

Dirigido por Dino Risi, com Vittorio Gassman, Jean-Louis Trintigant (1962, preto e branco, 105 mn)
(Comédia dramática / Adultos)

Neste clássico do cinema italiano, Bruno e Roberto, dois homens em tudo diferentes, passam dois dias juntos nas estradas da Toscana, durante os quais Bruno, um playboy oportunista, descontraído e cheio de vitalidade, "mostra a vida" a Roberto, um jovem estudante de Direito tímido e reservado.
Um filme interessante, de promoção da liberdade e da espontaneidade, que - embora um pouco longo demais - é também um retrato da existência dos jovens na Itália dos anos 60 e um tratado sobre as consequências do egoísmo e da irresponsabilidade.

A RAINHA DE SABÁ

André MALRAUX (1901-1976)
Lisboa, Livros do Brasil, 2006, 94 pp.
(Literatura de viagens / Adultos)

Em 1934, na sua qualidade de jornalista de investigação, Malraux parte em busca da cidade da Rainha de Sabá, e produz sobre o episódio uma narrativa épica, erudita e bíblica, combinada com a descrição de uma viagem de avião em condições extremamente precárias

O MUNDO EM QUE VIVI

Ilse LOSA (1913-2006)
Porto, Edições Afrontamento, 2000, 196 pp.
(Literatura de memória / Jovens e adultos)

Neste belo livro, a autora – judia de nascimento – recorda vivamente a sua infância, vivida na Alemanha pré-nazi, com tudo o que significou, em termos pessoais e familiares, a ascensão de Hitler ao poder. Ilse Losa é principalmente uma escritora de livros infantis, mas esta obra será lida com gosto e proveito por adultos.

CHIQUINHO

Baltasar LOPES (1907-1989)
Lisboa, Biblioteca de Editores Independentes, 2008, 276 pp.
(Literatura / Adultos)

Baltasar Lopes é um dos patriarcas das letras de Cabo Verde. Chiquinho, o seu grande romance, narra a vida de um pequeno que nasce na primeira metade do século XX, na ilha de São Nicolau, vai estudar para São Vicente e regressa a São Nicolau, sem grandes perspectivas de futuro, naquela terra pobre marcada pelo apelo da emigração para as Américas. Não se passa grande coisa neste romance, mas conhecem-se as vidas destas pessoas simples, cujas ambições estão cheias de humanidade.

Monday, March 20, 2017

NO MESMO TOM (ONCE)

Dirigido por John Carney, com Glen Hansard, Marketa Irglova (2007, cores, 85 mn)
(Narrativa / Jovens & Adultos)

Dois jovens músicos com vidas pessoais e profissionais difíceis encontram-se numa rua de Dublin (onde ele canta) e trabalham juntos numa canção.
Um filme sobre a descoberta pessoal e a amizade, com um intenso toque de realismo e um amor imenso pela música.

NUM OUTRO TOM (BEGIN AGAIN)

Dirigido por John Carney, com Keira Knightley, Mark Ruffalo (2013, cores, 104 mn)
(Comédia romântica / Jovens & Adultos)

A linguagem é bastante 'perifrástica' e os costumes são os da atualidade.
Tendo isso em conta, trata-se de um filme cheio de encantamento e valores positivos, entre os quais o da amizade e da fidelidade - e não menos o da música.
O ritmo é intenso, os atores são excelentes, as canções ótimas, e Nova Iorque aparece como a cidade maravilhosa que provavelmente é.

Sunday, March 19, 2017

DOIS DIAS, UMA NOITE (DEUX JOURS, UNE NUIT)

Dirigido por Jean-Pierre e Luc Dardenne, com Marion Cotillard, Fabrizio Rongione (2014, cores, 95 mn)
(Drama / Jovens & Adultos)

Quando vai recomeçar a trabalhar depois de ter passado por uma baixa em consequência de uma depressão, Sandra fica a saber que a fábrica decidiu colocar os 16 colegas diante de um dilema: readmiti-la ou receber cada um um bónus de 1000,00 euros - e a decisão foi dispensá-la.
Depois de persuadir o patrão a repetir a votação, passa o fim de semana a visitar cada um dos colegas, a tentar convencê-lo a votar a seu favor na segunda-feira de manhã.
O filme acompanha as pequenas tragédias da vida destas pessoas, mas principalmente o heroísmo simples desta mulher que se bate por aquilo que considera ser justo, lutando contra as circunstâncias, mas principalmente consigo própria. O outro herói é o marido, cujo amor incondicional, às vezes impotente, sustenta esta batalha.
Um filme em tom menor, mas cheio de grandeza, com ótimas interpretações e um ritmo calmo e realista, mas simultaneamente intenso.

Tuesday, March 7, 2017

JANTAR NO RESTAURANTE DA SAUDADE (DINER AT THE HOMESICK RESTAURANT)

Anne TYLER (n. 1941)
Lisboa, Publicações Europa-América, 1992, 332 pp.
(Ficção / Adultos)

O livro está esgotado em português, mas se aparecer algum perdido em segunda mão vale a pena adquiri-lo. 
Trata-se de uma formidável crónica familiar (tema que a autora muito preza), sobre um clã algo - em momentos bastante - disfuncional, mas que se mantém unido apesar de tudo e entre cujos membros reina o que só pode ser qualificado como um profundo amor.
Com uma notável clarividência relativamente às falhas na natureza humana, mas sem esquecer as suas capacidades de altruísmo, o livro trata com grande cuidado as suas personagens, tornando-as pessoas como nós.
Com passagens duras (e só por isso a classificação para Adultos), mas sempre carregadas de esperança.

Sunday, February 26, 2017

A OBRA-PRIMA DESAPARECIDA (THE LOST PAINTING)

Jonathan HARR (n. 1948)
Lisboa, Presença, 2006, 248 pp.
(Ficção histórica / Jovens & Adultos)

Partindo de uma pintura desaparecida de Caravaggio, o autor descreve, num ritmo de policial que impede o leitor de poisar o livro, as diligências feitas para recuperar o quadro, ao mesmo tempo que vai narrando, com pormenor e enorme interesse, a vida do pintor.
Mais do que ficção histórica, trata-se de uma bem conseguida obra de história ficcionada.

A ROTA DA PORCELANA (THE WHITE ROAD)

Edmund de WAAL (n. 1964)
Lisboa, Sextante, 2016, 392 pp.
(Ensaio histórico / Adultos)

Combinando a história do mundo com a sua própria história como ceramista, o autor vai mostrando o fascinante papel da porcelana na história do mundo, entretecendo os relatos de reflexões pessoais sobre a vida de um artista.

OS ESPIÕES DO PAPA (CHURCH OF SPIES)

Mark RIEBLING 
Lisboa, Editorial Presença, 2016, 424 pp.
(História / Jovens & Adultos)

Com o poder na Alemanha nas mãos de Hitler e a Igreja confiada aos cuidados de Pio XII, o Pontífice apoia - de forma indireta, mas o mais diretamente que lhe é possível - múltiplas conspirações levadas a cabo por oficiais alemães, católicos e não só, com o objetivo de assassinar Hitler. 
O livro descreve ao pormenor várias destas conspirações com nomes, datas e locais muito precisos, num ritmo alucinante que faz lembrar os melhores filmes de espionagem, recordando a velha máxima de que a realidade é sempre mais interessante que a ficção.
Não sendo católico, M. R. contribui decisivamente, com esta obra factual, para destruir o absurdo mito segundo o qual Pio XII colaborou com o nazismo.
Muito aconselhável.

A CASA EM PARIS (THE HOUSE IN PARIS)

Elizabeth BOWEN (1899-1973)
Lisboa, Relógio d'Água, 2016, 264 pp.
(Ficção / Jovens & Adultos)

Henriette é uma menina de 11 anos, órfã, que é levada para Paris, para a casa de uma família, onde conhece Leopold, um menino de 8, e ambos assistem ao desenrolar de uma história de amor e traição. 
O livro é narrado com várias alternâncias entre passado e presente, que inicialmente podem deixar o leitor um pouco confuso, mas o estilo é muito cuidado.

Saturday, February 25, 2017

O CARRINHO DE LINHA AZUL (A SPOOL OF BLUE THREAD)

Anne TYLER (n. 1941)
Lisboa, Editorial Presença, 2017, 376 pp.
(Ficção / Jovens & Adultos)

Saga familiar de uma sucessão de gerações, narrada de vários pontos de vista, trazendo à superfície aquilo que são as imperfeições humanas que se escondem por trás da aparente perfeição de um clã feliz. 
A história saltita entre o passado e o presente, e vai-se desenrolando como um carrinho de linhas, tendo como especial protagonista a casa da família.

O MEU NOME É ALICE (STILL ALICE)

Dirigido por Richard Glatzer e Wash Wastemoreland, com Julianne Moore, Kristen Stewart (2014, cores, 101 mn)
(Drama / Jovens & Adultos)

Alice é uma mulher pelos 50 anos com uma brilhante carreira universitária e uma família bem constituída, a quem é diagnosticada a doença de Alzheimer.

O filme narra a dolorosa evolução da doença, bem como as reacções, dela e dos que a rodeiam, a esta provação.
À parte um comentário de mau gosto, o filme é bom, extremamente credível, com óptimas interpretações e um ritmo que permite ao espectador envolver-se no drama desta família, apreciar as diferentes reacções, e perguntar a si próprio o que faria nas circunstâncias.

Sunday, February 19, 2017

AS HORAS DISTANTES (THE DISTANT HOURS)

Kate MORTON (n. 1976)
Porto, Porto Editora, 2012, 528 pp.
(Ficção / Jovens & Adultos)

Durante a II Guerra Mundial, Edie e a mãe, Meredith Burchill,  são levadas de Londres para o castelo de Milderhurst, onde são acolhidas pela família Blythe. Cinquenta anos mais tarde, Edie recebe uma longa carta com remetente do castelo, que a lança numa investigação complexa ao passado da mãe.
Para quem gosta de combinar mistério, suspense e romance - com muitas páginas.

O ÚLTIMO ADEUS (THE LAKE HOUSE)

Kate MORTON (n. 1976)
Lisboa, Suma de Letras, 2015, 632 pp.
(Ficção / Jovens & Adultos)

Nos anos 30 do séc. XX, uma criança desapareceu misteriosamente de uma mansão inglesa, sem deixar rasto; a família ficou de tal maneira afetada pelo caso, que abandonou por completo o local. Mais de 70 anos depois, uma investigadora da polícia de Londres tropeça neste mistério, e acaba por entrar em contacto com um membro da família, uma idosa escritora de romances policiais.
Para quem gosta de combinar mistério, suspense e romance - com muitas páginas.

ESCRITO NO VENTO (WRITTEN IN THE WIND)

Dirigido por Douglas Sirk, com Rock Hudson, Laureen Bacall, Robert Stack (1956, cores, 100 mn)
(Ficção / Jovens & Adultos)

Um dramalhão intenso sobre os efeitos da fortuna e da ausência de uma mãe na vida de dois jovens, e o prolongamento desses efeitos na vida dos que lhes são próximos.

Excelente tensão dramática, ótima fotografia, interpretações clássicas.

O HOMEM QUE MATOU LIBERTY VALANCE (THE MAN WHO SHOT LIBERTY VALANCE)

Dirigido por John Ford, com James Stewart, John Wayne (1962, p & b, 123 mn)
(Western / Jovens & Adultos)

A conquista do Oeste americano foi feita à custa da ação civilizadora dos pequenos - advogados, professores, comerciantes - e da sobreposição do poder da lei ao poder da força.

Juntando três monstros do cinema, e três epítomes do western, este filme magnífico entretece a grande e a pequena história em duas preciosas horas de ação, tensão e humor.
Um clássico do cinema.