SONO DE INVERNO (KIS UYKUSU)

Dirigido por Nuri Bilge Ceylan, com Haluk Bilginer, Melisa Sözen (2014, cores, 196 mn)

(Drama / Jovens & Adultos)

Numa zona perdida da Anatólia, um ex-ator de teatro explora um pequeno hotel, onde ele próprio vive, com a mulher - muito mais jovem que ele - e a irmã. Na calma do inverno, quando os hóspedes são poucos, as tensões familiares agudizam-se.

Filmado numa paisagem de grande beleza, e com os interiores também muito cuidados, com interpretações de enorme qualidade e um ritmo surpreendente, este filme longo permite-nos acompanhar por dentro as fraquezas e contradições de uma natureza humana que é frágil e carregada de incompetências, mesmo quando quer fazer o bem - e nem sempre quer -, mas que desperta constantemente para a esperança.

É um filme admirável, para ver com calma e com fruto; um filme que se aprecia tanto melhor quanto mais maduro se é. Falta-lhe a perceção de uma omnipotência misericordiosa que acolha a pequenez humana.

FILOMENA (PHILOMENA)

Dirigido por Stephen Frears, com Judi Dench, Steve Coogan (2013, cores, 98 mn)
(Drama / Jovens & Adultos)

Em meados do século XX, na Irlanda, uma jovem que engravidasse sem estar casada e fosse recolhida por uma congregação religiosa corria o sério risco de as freiras entregarem a criança para adoção sem a consultarem. Esta situação dramática foi trazida à luz pelo caso de Philomena Lee, uma enfermeira reformada que perdeu o filho dessa maneira e decidiu procurá-lo com a ajuda de um jornalista britânico, Martin Sixsmith; o jornalista escreveria um livro a narrar os factos, que foi adaptado ao cinema por Frears.
Sem ser brilhante, o filme tem ritmo e é interessante, percorrido por um retrato algo estereotipado da protagonista, padrão no qual a extraordinária arte de Judi Dench consegue insuflar vida e até humor. O realizador tem um olhar um tanto maniqueísta, diabolizando as freiras sem contemplações, mas o olhar matizado de Filomena - também ela católica - quebra, de certa maneira, esse contraste de preto e branco.
O filme é interessante também para se perceber a realidade sociorreligiosa da Irlanda, onde este escândalo rebentou na primeira década do século XXI.

CRONICANDO

Mia COUTO (n. 1955)

Lisboa, Editorial Caminho, 2013, 232 pp.

(Ensaio/Ficção, Jovens & Adultos)

Coletânea de crónicas publicadas pelo escritor em jornais moçambicanos nos anos 80, que retratam a realidade do país do ponto de vista das pessoas comuns, dando à linguagem o tratamento criativo tão próprio do seu estilo.

MIL SOIS RESPLANDECENTES (A THOUSAND SPLENDID SUNS)

Khaled HOSSEINI (n. 1965)
Lisboa, Editorial Presença, 2008, 328 pp.
(Ficção / Jovens & Adultos)

Impressionante relato da vida das mulheres afegãs na segunda metade do século XX, acompanhando as sucessivas e violentas mudanças de regime que o país sofreu. É um livro carregado de dores e brutalidade, mas também com grandes doses de amor, coragem, heroísmo e esperança.